segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Um homem não identificado explodiu numa estrada do Norte do Wisconsin

Os nossos gostos mudam, é um facto. Tive consciência disso de uma forma vívida com o que me aconteceu em relação a Paul Auster. Descobri este autor em meados dos anos 90 tinha então vinte e poucos anos. Li de rompante dois romances, "Leviathan" e "Mr. Vertigo". No primeiro Auster constrói uma narrativa densa de ambientes labirínticos onde os personagens se cruzam num emaranhado de relações. O segundo leva-nos numa viagem pela memória colectiva da América. A acção tem início em Saint Louis, nos anos 20, e acompanha o percurso de vida de um rapaz com dotes invulgares. É uma narrativa onde o fantástico se confunde com o real de uma forma serena e verosímil. Mais tarde, ao chegar aos trinta, comecei a ler "O Palácio da Lua" e não passei da primeira página. Há uns tempos, num período em que vivi num país de leste, deparei-me com um pequeno supermercado perdido no meio de uma floresta. Chamava-se "Leviathan" e trouxe-me à memória os livros de Paul Auster. No entanto, nunca senti necessidade de aprofundar a questão. Saber se o "Palácio da Lua" é um livro menor na obra de Auster talvez por ter sido escrito no início de carreira. Não voltei aos dois primeiros livros, prefiro conservar a memória que me deixaram. Os nossos gostos mudam e isso basta.